Corrida à sucessão municipal começa embolada, com 14 pretendentes dos partidos do centro-direita à esquerda que se organizam para ir às urnas neste ano
No comando da capital brasileira com o menor índice de contaminação e um dos mais baixos números de mortes pela COVID-19, Alexandre Kalil (PSD) tem, pelo momento, além de seu próprio partido, que se firma como uma nova força política no estado, o apoio do MDB, do PP, do PDT de Ciro Gomes e da Rede, de seu vice Paulo Lamac, com quem está reconciliado.
Adversários
Para enfrentar o prefeito, favorito da disputa, forma-se um exército de candidaturas sob o radar de segmentos da elite do empresariado da cidade, inconformada com as recomendações de epidemiologistas de restrições ao comércio e circulação de pessoas para conter a disseminação da doença respiratória. Um incômodo que já se desenhava, com a regulamentação do novo Plano Diretor de Belo Horizonte, em vigor desde 5 de fevereiro, que adota modernos instrumentos de política urbana para limitar o adensamento de certas regiões da cidade.
Da centro-direita à extrema-direita, são pré-candidatos anunciados, nesta ordem, Luisa Barreto (PSDB),– que se desincompatibilizou da secretaria adjunta de Planejamento e Gestão do governo Zema; o deputado estadual professor Wendel Mesquita (Solidariedade); o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania); o engenheiro civil especializado em tecnologia Rodrigo Paiva (Novo) – que, sem se eleger, estreou na política eleitoral em 2018, com 1,342 milhão de votos para o Senado; e o deputado estadual em primeiro mandato Bruno Engler (PSL), com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesse espectro, ainda há mais pretendentes. No Avante, os deputados federais mineiros André Janones, o veterano em eleições, Luís Tibé e Fernando Borja discutem a candidatura majoritária da legenda. O rol ainda tende a engrossar com outras definições de legendas de porte médio, como o PTB.
O verbo é consolidar “Meu nome é consenso em meu partido e no grupo político que represento”, afirma João Vítor Xavier, que tem o apoio do senador Rodrigo Pacheco (DEM), este à frente de um dos núcleos que se prepara para concorrer às eleições ao governo de Minas em 2022. Além de Pacheco, João Vítor já conta com a adesão do PL, dos deputados estadual e federal – pai e filho, Leo e Lincoln Portela. “O Dem terá prioridade para indicar o vice, mas os espíritos estão desarmados, não há obrigação. Nossa ideia é de consolidar nosso grupo político”, afirma João Vítor, que, mesmo sem admitir, dirige o seu discurso aos setores mais conservadores de Belo Horizonte.
Com o slogan da inovação, Rodrigo Paiva terá o apoio do governador Romeu Zema (Novo), outro que tem encontro marcado com 2022, quando concorrerá à reeleição. “Queremos inovar, fazer diferente, discutir Belo Horizonte, que precisa crescer, ser uma cidade amiga do empreendedor”, avisa Rodrigo Paiva.
Do centro à esquerda, um outro conjunto de candidaturas também se organiza para a disputa, numa tentativa de emparedar a hegemonia do PT desse campo, representada pela candidatura de Nilmário Miranda, ex-deputado estadual e federal em mandatos consecutivos, com forte atuação na defesa dos direitos humanos. Ele foi definido ontem pré-candidato do partido à PBH.
O deputado federal Júlio Delgado (PSB), que em março transferiu o seu domicílio eleitoral de Juiz de Fora para Belo Horizonte, avisa que será candidato: “Vamos recontar a trajetória forte e simbólica do PSB na capital, o que deixou de ser feito em 2016 e, em 2018, foi deturpado. Dr. Célio de Castro é lembrado até hoje por seu legado pela vida”, afirma o parlamentar. Pelo Psol, está confirmada a candidatura da deputada federal Áurea Carolina, que recebeu o apoio da professora Duda Salabert (PDT). Na tentativa de formação de uma frente democrática e progressista na capital mineira, Duda Salabert desistiu de sua pré-candidatura pelo PDT – legenda que tende a apoiar Kalil. A professora concorrerá a uma cadeira na Câmara Municipal.
No campo da esquerda, há outras candidaturas. O PCdoB lançará o ex-deputado federal Wadson Ribeiro e a ex-deputada federal Jô Moraes concorrerá à Câmara Municipal. Também se preparam outras legendas de pequeno porte, como o recém-criado Unidade Popular (UP) – 33º partido brasileiro, registrado em dezembro de 2019 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além dele, há o PSTU e o PCO, que têm apresentado candidaturas ideológicas nas duas últimas décadas. Somados todos, da direita à esquerda, já são 14. Mas, claro, à medida que a discussão político-eleitoral passar a disputar a cena com a COVID-19, esse número poderá aumentar.
Em ascensão
Número de candidatos nas eleições para a PBH no Brasil redemocratizado
- 1988 -3
- 1992 - 8
- 1996 - 7
- 2000 - 5
- 2004 - 5
- 2008 - 9
- 2012 - 7
- 2016 - 11
Fonte: TSE
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
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