A Polícia Civil indiciou 14 pessoas – duas delas por lesão corporal grave e três por lesão leve – pela agressão sofrida pela médica Ticyana D'azambujja, espancada por frequentadores de uma festa no Grajaú, na Zona Norte do Rio. O inquérito foi concluído nesta terça-feira, mais de um mês após a violência sofrida pela médica, que tentava impedir a realização de um evento durante a pandemia do coronavírus, o que está está proibido, no dia 30 de maio. A Polícia analisou imagens de dezenas de câmeras de segurança e ouviu mais de 30 depoimentos.
Conforme informações do "G1", os envolvidos vão responder por infração sanitária preventiva – por participar de uma aglomeração no meio de uma pandemia. A pena pode chegar a um ano de prisão. A punição será maior para o proprietário da casa, Rafael Presta, que aparece nas imagens carregando Ticyana, e Rafael Pereira, que além da médica, agrediu um vizinho que desceu para tentar ajudá-la. Ambos foram indiciados por lesão corporal grave. O dono da casa ainda está proibido de fazer novos eventos. Outras três pessoas vão responder por lesão corporal leve.
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“Ela tava combatendo a pandemia e o fato dela por 30 dias estar afastada disso já caracterizou a lesão grave e, dependendo do caso, isso vai demorar alguns meses pelo laudo pericial, alguns meses se comprovada a incapacidade permanente pro trabalho, pode ser aditada a denúncia para lesão gravíssima”, explicou o delegado André Neves, que está à frente das investigações, em entrevista ao "RJTV - 1ª edição".
Ticyana, que não sabe se conseguirá recuperar os movimentos do joelho esquerdo, comentou a conclusão do inquérito. A médica se recupera a última cirurgia realizada no membro, que foi quebrado pelos agressores.
"Todos foram rapidamente identificados, então eu vejo que o trabalho da polícia foi muito bem feito e espero que isso realmente se reflita depois com a justiça sendo feita ao final do processo”, à "TV Globo".
Segundo o delegado, o fato de a festa ter entre os participantrs agentes da lei, das polícias Civil e Militar, que nada fizeram para proteger a médica, chamou a atenção. Desta forma, além da infração sanitária, eles também foram indiciados por prevaricação, quando o funcionário público deixa de agir diante de um crime por interesse próprio.
“É levado em consideração até por não evitar a prática do delito, de tudo que tava acontecendo, por isso o indiciamento também pela prevaricação, e será encaminhado para a respectiva Corregedoria para apuração da transgressão disciplinar”, disse Neves.
Relembre o caso
Tyciana foi agredida na tarde do dia 30 de maio por frequentadores de uma festa que ocorria em uma casa na Rua Marechal Jofre. A médica relatou que foi até a residência, que fica em frente ao seu prédio, pedir o fim da festa devido ao barulho excessivo, mas não foi atendida. Então, num “ato impensado”, quebrou o retrovisor e trincou o para-brisa de um carro que estava estacionado sobre a calçada e pertencia a um policial militar que estava na festa.
Depois disso, algumas pessoas saíram da casa, entre elas um PM, e as agressões tiveram início. Ticyana teve o joelho esquerdo quebrado e as mãos pisoteadas. Imagens de câmeras de segurança, além de uma gravação feita por vizinhos da médica mostraram as agressões sofridas.
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