O período em que Abraham Weintraub ficou à frente do Ministério da Educação foi marcado por uma série de polêmicas, que começaram pouco após ele assumir a pasta, que era comandada por Ricardo Vélez. Em meio a "imprecionantes" erros de ortografia, "haviam" publicações dele nas redes sociais chamando atenção não apenas por seu conteúdo. Fosse por um post sobre "paralização" ou "má fé", ele também gerou memes por ter confundido o sobrenome de um escritor com o de um prato árabe. A saída dela do cargo foi anunciada nesta quinta-feira por um vídeo publicado nas redes sociais em que aparece ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Relembre 20 polêmicas de Weintraub no cargo de ministro da Educação:
1. A última controvérsia envolvendo o nome do ministro foi a multa de R$ 2 mil que ele recebeu nesta segunda-feira, dia 15, por não usar máscara numa manifestação do dia anterior. A proteção facial é de uso obrigatório no Distrito Federal, segundo Decreto 40.648/20, devido à pandemia de coronavírus. Pesquisas comprovam que usar máscaras é uma forma eficaz de diminuir a propagação da Covid-19.
2. Já na quinta-feira, dia 11, foi a vez de uma Medida Provisória (MP) ter movimentado os assuntos políticos no país, pois ela permitiria que Weintraub escolhesse reitores de universidades federais, institutos federais e do Colégio Pedro II, caso os mandatos dos ocupantes terminassem durante a pandemia. No entanto, não tardou a aparecerem críticas. O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) anunciou, na manhã do dia 12, que essa MP violava princípios constitucionais. Diante disso, o presidente Jair Bolsonaro optou por revogá-la.
3. No dia 5 de junho, Weintraub chamou atenção com um ofício enviado ao ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021 poderia ser suspenso por falta de dinheiro. O documento alertou ainda para o risco de fechamento de campi, cursos e até instituições inteiras por falta de recursos.
4. Na véspera, Weintraub tinha ido à sede da Polícia Federal em mais uma etapa da investigação de racismo contra chineses. Ele entregou o depoimento por escrito e se negou a responder questionamentos. Num post em rede social, alegou não ter sido racista e defendeu o que chamou de "liberdade de expressão".
5. Em 30 de maio, repercutiu uma fala de Weintraub sobre ter enxergado necessidade em "mudar as regras da Nova República" para impedir um "paraíso esquerdista". Para ele, o regime político brasileiro seria uma "estrutura montada pela esquerda, oligarcas e corruptos". A declaração foi feita em uma exposição em vídeo disponibilizada para o congresso online do Movimento Brasil Conservador (MBC), que apoia o governo de Jair Bolsonaro.
6. Dois dias antes, o ministro da Educação foi criticado pela comunidade judaica por ter comparado uma ação da Polícia Federal à polícia nazista na Alemanha de Adolf Hitler. A Embaixada de Israel havia pedido que o Holocausto não fosse usado em disputa política no Brasil. Apesar disso, Weintraub disse "ter o direito de falar do Holocausto" e que "não precisa de mais gente atentando contra sua liberdade", embora não fale em nome "de todos os cristãos ou judeus do mundo", mas que apenas fala por si só.
7. Em 27 de maio, o ministro da Educação usara suas redes sociais para falar sobre a operação da Polícia Federal que acontecia naquela quarta-feira, referente ao inquérito de combate às Fake News. Weintraub comparou a ação da PF de investigar a disseminação de informações falsas na web com a polícia nazista na Alemanha de Adolph Hitler.
8. A reunião ministerial do dia 22 de abril por si só já representa diversas polêmicas. Uma delas é referente à afirmação de Weintraub de que "odeia" o "termo povos indígenas" e também a expressão "povo cigano". Em 26 de maio, a Procuradoria-Geral da República (PGR), por meio do colegiado que cuida dos direitos das comunidades tradicionais, cobrou uma explicação do ministro sobre isso.
9. Também em 26 de maio, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República determinou que Weintraub devia se explicar ainda sobre outra declaração que deu na referida reunião ministerial, em que disse: "Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF".
10. Em 24 de maio, porém Weintraub já havia se manifestado sobre o assunto por meio de um post no Twitter, alegando que tentaram "deturpar" sua fala para "desestabilizar a Nação". Ele afirmou que não atacou leis, instituições ou a honra dos ocupantes do Supremo Tribunal Federal.
11. A pandemia do coronavírus afeta diversos setores. Com a Educação não é diferente. Entrou em debate a questão sobre adiar ou não o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No dia 19 de maio, Weintraub afirmou no Twitter que faria uma enquete entre os inscritos para então firmar uma decisão. Um movimento nas redes sociais repercutiu com pedidos pelo adiamento, ressaltando que há milhões de brasileiros sem condições de estudar enquanto estão suspensas as aulas presenciais. Na véspera, o ministro disse em rede social que o que o MEC iria recorrer da decisão de mudança em datas do Enem. A Justiça Federal de São Paulo havia determinado adequação nas datas da prova deste ano à situaçao provocada pela pandemia da Covid-19.
12. Uma publicação de Weintraub em rede social foi acusada de racismo pela embaixada da China no Brasil, que repudiou, no dia 6 de abril, a ridicularização do sotaque de chineses falando português. O ministro, porém, rebateu, dizendo que só pedirá desculpas se a China enviar ao Brasil respiradores a preço de custo. Ainda sobre este post polêmico, que trazia uma imagem da capa de um gibi da Turma da Mônica sobre o país asiático, a Maurício de Sousa Produções repudiou o uso dos personagens para irozinar os chineses. No texto, Weintraub havia imitado a fala de Cebolinha, que troca a letra R pela letra L. A empresa afirmou ter uma relação de muitos anos de amizade e admiração com o povo da China.
13. A lista de erros ortográficos de Abraham Weintraub cresceu no dia 8 de janeiro, quando ele publicou no Twitter uma frase que continha a palavra "impressionante" escrita com a letra "c". O "imprecionante" gerou memes nas redes sociais. Em pouco tempo, o referido post, feito como uma resposta ao deputado Eduardo Bolsonaro, foi apagado. Outros equívocos, como "suspenção" e "paralização", já haviam sido registrados também chamaram atenção por terem sido cometidos pela pessoa à frente do Ministério da Educação.
14. Em audiência na Câmara dos Deputados no dia 11 de dezembro de 2019, Weintraub reafirmou existirem plantações de maconha e produção de drogas sintéticas em universidades federais, alegando que elas são um reflexo do consumo de entorpecentes nas instituições de ensino. O ministro havia sido convocado justamente para se explicar sobre tais acusações dadas sem provas. Ele disse ainda que traficantes encontram "refúgio" nos campi, onde a PM não pode entrar.
15. Em entrevista coletiva no dia 4 de outubro de 2019, o ministro da Educação defendeu que punições fossem implementadas a alunos com nota baixa no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), uma avaliação dos cursos de ensino superior. Para Weintraub, o estudante que acertasse 10% das questões não deveria ter direito a se formar, alegando que quem acerta menos de 20% atua para "sabotar" a prova. A fala repercutiu no meio acadêmico. O sociólogo César Callegari, ex-membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), afirmara, à época, que essa ideia é uma "distorção". Segundo ele, o MEC deveria lidar com baixo desempenho no Enade aprofundando os mecanismos de regulação.
16. No dia 13 de agosto de 2019, Weintraub comparou a manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, a uma aglomeração de torcedores da Portuguesa, mas acabou sendo criticado pelo próprio clube de futebol. O protesto em questão defendia investimentos em Educação e repudiava cortes do governo federal no setor em todos os estados. O time reagiu ao post do ministro dizendo que ele "para o país do que fazer chacota com o sentimento de milhares de torcedores da Portuguesa".
17. Em 28 de junho de 2019, Abraham Weintraub usou o Twitter para desabafar que não queria "gente chata e de esquerda" lhe incomodando em sua conta pessoal no microblog. "Caso contrário bloqueio", dissera. O ministro tinha sido alvo de críticas após ter comparado, na véspera, os 39kg de cocaíca encontrados em avião da FAB aos ex-presidentes Lula e Dilma. "No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?", havia postado. Ao rebater as críticas, Weintraub se defendeu dizendo que aquele era seu perfil: "Caso queiram informação institucional, sigam o do MEC".
18. Um engano de Weintraub que repercutiu bastante na web foi a troca que ele fez entre asseclas e acepipes em uma publicação no Twitter. Recapitulando, ele se confundiu, no dia 27 de junho de 2019, ao querer se referir aos correligionários, adeptos ou militantes do PT, comumente chamados de asseclas por adversários. Em vez de usar esta palavra, contudo, o ministro acabou escrevendo: "Tranquilizo os 'guerreiros' do PT e de seus acepipes". Dessa forma, a frase não passou com exatidão a mensagem que ele queria passar, pois acepipes significa "aperitivo" ou "petisco".
19. Outra confusão de termos feita por Abraham Weintraub ocorreu em 7 de maio de 2019. Ao querer dizer o sobrenome do escritor Franz Kafka, ele pronunciou "Kafta", iguaria árabe, enquanto falava em audiência no Senado Federal. Foi o suficiente para que internautas espalhassem memes da gafe pelas redes sociais. Nas postagens, alguns internautas postaram imagens do prato, formado por carne, ao lado da imagem do escritor, autor de livros como "O Processo", ao qual o ministro fez referência. "Certa amanhã acordei de sonhos intranquilos" - Kafta, Franz", constava de uma das publicações.
20. A partir do 30 de abril de 2019, estudantes, professores e apoiadores da Educação tomariam as ruas pelo país em manifestações contra bloqueio de investimento na área após o ministro acusar universidades federais de promoverem eventos com "balbúrdia". Esse foi o dia em que Weintraub anunciou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que o MEC cortaria verbas para UFF, UnB e UFBA. Segundo ele, a decisão valia para universidades que "em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia.
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